quinta-feira, 8 de outubro de 2009

7 pedras no caminho do Windows 7






7 pedras no caminho do Windows 7

por [Por Kevin McLaughlin, ChannelWeb]


Steve Ballmer chamou o Windows 7 de um lançamento “impressionante”. Será que o mercado também ficará impressionado ou frustrado?

Para criar o Windows 7, a Microsoft trabalhou meticulosamente a maioria das imperfeições que irritavam os usuários do Vista. A companhia merece crédito por desenvolver um sistema operacional enxuto e com um desempenho melhor do que o Vista, entretanto, há muitas razões para se acreditar que a migração do mercado para o novo software seja nada mais do que uma fuga entusiasmada.
É claro que o cenário econômico é um fator considerado na rapidez com que as empresas adotarão o Windows 7, porém, a Microsoft também tomou algumas decisões confusas em relação ao produto, que podem causar perplexidade aos usuários. O que mostraremos a seguir são os sete obstáculos em potencial que usuários devem considerar ao pensar na migração para o Windows 7.
1. Clean install para o upgrade do XP para o Windows 7  
A Microsoft não está oferecendo um upgrade in-place, ou seja, a atualização de uma nova versão sobre a antiga, do XP para o Windows 7. Ao invés disso, requer que se faça uma clean install (instalação limpa), o que significa desinstalar o sistema existente e só após isso aplicar a versão nova). Isso exige que os usuários façam um back up de seus arquivos pessoais para uma HD externo, apague todos os dados do disco rígido e instale o Windows 7 para, então, transferir seus arquivos pessoais e reinstalar seus aplicativos.
A Microsoft tem recebido uma quantidade enorme de críticas a esse respeito, e tal questão está borbulhando o canal com fortes opiniões que, às vezes, são apenas rumores. Qualquer provedor de solução que se preze poderia fazer um clean install do Windows com os pés nas costas. Mesmo assim, devido à inexperiência tecnológica, não há dúvidas que os clean installs exigirão muito tempo e serão complexos.
O XP ainda é o sistema operacional predominante no mercado e, mesmo que uma fração pequena de usuários tenham problemas com essa decisão, a Microsoft está controlando os danos do Windows, atitude esta muito familiar para nós. O tempo e o gasto envolvidos com as atualizações do Windows 7 não poderiam ter vindo em momento pior para empresas que estão com dificuldades para manter as luzes acessas.
"Todos estão empolgados com o Windows 7, entretanto, neste momento de recessão, as companhias querem manter o que eles já têm", disse Mark Crall, presidente da Charlotte Tech Care Team, VAR da Carolina do Norte. "Ninguém quer fazer um clean install agora e depois ter que lidar com os problemas  associados a um upgrade".
2. A economia
O Windows 7 foi melhor recebido pela indústria, que tinha todo o direito de ficar descrente depois do desastre com o Vista. Entretanto, as empresas, que normalmente planejam seus upgrades do sistema operacional no momento da aquisição de novos PCs, estão evitando gastos. Com a econômica instável, quem pode culpá-los?
"Pelo histórico de lançamentos anteriores do Windows, as pessoas realmente aguardam a atualização da máquina para migrar o sistema, porém, muitas empresas estão hesitantes em adquirir PCs agora e esperam até que a economia melhore", diz um canal que pediu anonimato.
A Microsoft reduziu o tamanho e o footprint de memória do Windows 7, e o resultado é um sistema operacional que roda bem em dispositivos menores como netbooks, bem como em hardwares mais antigos. Isso poderia ser suficiente para convencer as empresas a atualizarem o Windows em seus equipamentos existentes, porém, elas ainda assim vão se deparar com custos de tempo no upgrade.
Bob Nirio, CEO da Ranvest Associates, avisa que qualquer transição de sistema operacional requer um trabalho de teste e backup que fará com que as pequenas empresas se desviem de sua missão principal, que é servir aos clientes. Isso, obviamente, não é uma opção para companhias que já estão à beira do abismo. "Há uma questão muito séria relacionada a tempo, dinheiro e outros recursos que as empresas terão de disponibilizar na situação econômica atual", disse Nitrio.
Um dos principais problemas que a Microsoft enfrentou com o Vista está associado ao fato de que o XP é um sistema operacional sólido e que atende às necessidades de grande parte da industria de TI. O Windows XP ainda predomina entre as empresas e, de acordo com a Net Applications, o seu market share foi de 71,8% em agosto, comparado aos 18,8% do Vista. Esses números certamente serão alterados quando a Microsoft lançar o Windows 7, entretanto, pode demorar um pouco até o XP abdicar do trono.
A Microsoft está desesperadamente tentando desviar a indústria do XP. Em abril, a companhia encerrou o suporte em massa para o XP e agora pede que os clientes paguem pelo serviço toda vez que há algum problema. Entretanto, ela continuará a oferecer atualizações de segurança do XP gratuitamente até 2014, o que sugere que algumas empresas usuárias do sistema possam decidir manter esse aplicativo até o final da vida útil do hardware.
Jay Tipton, vice-presidente da Technology Specialists, espera vender mais PCs com o Windows 7 do que vendeu com o Vista, mas observa que muitos clientes ainda estão fazendo downgrading do Vista para XP. A menos que fiquem extasiados com o desempenho do Windows 7, Tipton informa que alguns clientes, afetados pela economia, podem continuar com o XP. "Se as máquinas estão dando conta do recado e não dão problema, por que mudar?".
3. Qual é o negócio para os VARs?
Diversas empresas que não adquiriram o Vista e ficaram com o XP traduziram isso em uma grande demanda repreendida para o Windows 7. Isso representaria uma oportunidade lucrativa para os parceiros da Microsoft que têm experiência em lidar com as migrações de sistemas operacionais. Então, por que os VARs não estão pulando de alegria com a inundação de serviços do Windows 7?
Certamente, a ressaca do Vista é parte disto. Os parceiros tinham muitas esperanças que o Vista elevaria a oportunidade de serviços lucrativos, entretanto, para muitos VARs, essas oportunidades nunca se materializaram. "O Vista definitivamente decepcionou em termos de serviços associados," informou uma fonte.
Entretanto, a maior questão para os VARs que não comercializam PCs, e cujos clientes migrariam para o Windows 7 por meio de acordo de licenciamento de volume, é quanto dinheiro o canal realmente vai fazer a partir do Windows 7. Ou seja, não está claro ainda o quanto o serviço será próspero para o canal.
Isso não impediu a Microsoft de tentar aumentar o frenesi em torno dos serviços do Windows 7. No ano passado, a empresa encomendou um estudo à IDC e a pesquisa previu que, para cada dólar da receita que a Microsoft obter das vendas nos Estados Unidos de Windows 7 até 2010, os parceiros irão capitalizar US$ 18,51 em receita com produtos e serviços relacionados. A IDC também prevê que, no final de 2010, mais de 2 milhões de empregos na área de TI estarão relacionados ao Windows 7, representando um quinto dos empregos nos Estados Unidos.
Se isso lhe parece familiar, deveria mesmo: a IDC divulgou um relatório muito parecido encomendado pela Microsoft que coincidiu com o lançamento do Vista. E todos sabem como essa história acabou.
4. Complexidade do XP Mode
A Microsoft tentou arduamente convencer os usuários do XP de que o melhor caminho para a migração para o Windows 7 era mudar para o Vista primeiro. Consequentemente, porém, a Microsoft amenizou o discurso e divulgou que ofereceria o XP Mode com Windows 7. Essa atitude da fabricante foi louvável ao tornar a vida das pequenas empresas mais fácil.
O XP Mode, um ambiente virtual Windows XP SP3 que roda no Windows Virtual PC, foi feito para permitir que o upgrade de pequenas empresas para o Windows 7 não quebre a compatibilidade com seus aplicativos existentes, que, em muitos casos, são criados especialmente para o cliente. Mas, enquanto o XP Mode parece ser uma abordagem lógica e astuta para a questão da compatibilidade no Windows 7, sua complexidade poderia causar problemas para o público-alvo.
Alguns especialistas notaram que, ao rodar o XP Mode no Windows 7, os requisitos de segurança de software para PCs dobram e apresentam um alvo maior para ataque. E em agosto, Richard Jacobs, CTO da fabricante de segurança Sophos, publicamente chamou a atenção da Microsoft sobre a falta de gerenciamento interno no XP Mode, afirmando que as empresas acharão o monitoramento de máquinas virtuais extremamente complicado.
"O XP Mode não é uma má ideia, entretanto, sem o gerenciamento interno, é um desastre em termos de segurança", disse Jacobs em um blog.
No início deste ano, o Centro de Testes da CRN também teve problemas depois de instalar o XP Mode e o Virtual PC em uma máquina com um processador de virtualização autenticado AMD-V. O Centro de Testes foi capaz de solucionar o problema dando um upgrade de BIOS, entretanto, as pequenas empresas que desejam utilizar o XP Mode talvez não tenham tempo, nem recursos, para encontrar uma saída.
5. Windows 7 em seis versões
Uma das muitas reclamações que os clientes e parceiros tinham do Vista era a confusa apresentação de seis versões diferentes - o dobro do número que o XP oferecia - cada uma com seu próprio conjunto de configurações. Com o Windows 7, a Microsoft insiste que o Windows 7 Professional e o Windows 7 Home Premium atenderão às necessidades da maioria dos clientes, entretanto, também oferece seis diferentes versões. Isso nos faz pensar se a Microsoft ouviu qualquer feedback que os consumidores do Vista tenham feito especificamente sobre isso.
O leque de versões (SKUs) do Windows 7 não representa uma barreira, entretanto, na opinião de muitos canais, o departamento de marketing da Microsoft ainda não compreendeu que muitos SKUs do Windows criam confusão no mercado e, assim, podem gerar um efeito trickledown (quando um produto inicialmente tem um custo tão alto que apenas os mais abastados podem adquirir) na adoção do Windows 7.
"A situação não é difícil apenas para os consumidores finais, ela também é doloroso para nós", informou uma fonte do canal. "Como foi o caso do Vista, é difícil ter conhecimento de cada configuração que vem em cada versão do Windows 7. Eu nunca entendi porque a Microsoft tem tantas versões diferentes. Há muito a ser conversado para manter as coisas da maneira mais simples".
A Microsoft parece não ser capaz ou não quer parar esse jogo, no qual limita novas características para os SKUs premium, a fim de persuadir os consumidores a fazerem o licenciamento de volume. Mas, fazendo isso, a Microsoft entra em um jogo perigoso quando se trata de segurança, segundo os parceiros de venda da companhia.
A companhia está se gabando pelas novas características de segurança do Windows 7, mas o Windows 7 Professional - a versão que se espera que a maioria do mercado adquira - não inclui o BitLocker (encriptação total do disco) ou o AppLocker (gerenciador de política de restrição do software). O Windows 7 Professional também não inclui Direct Access, que conecta com segurança os colaboradores das empresas que ficam a maior parte do tempo fora, sem o VPN; ou o BranchCache, que armazena os dados utilizados localmente para aprimorar o desempenho da rede em locais remotos. Para obter essas configurações, o cliente deverá adquirir o Windows 7 Enterprise, que está disponível apenas por meio do licenciamento de volume.
6. Controle de conta do usuário (UAC - User Account Control)
O UAC foi o mais menosprezado aspecto do Windows Vista, e a Microsoft ajustou esse item no Windows 7 para reduzir a frequência de alertas. Deve-se elogiar a Microsoft por fazer o UAC menos irritante, contudo, os clientes que migrarem do XP para o Windows 7 poderão ter ainda algumas dores de cabeça. A Microsoft também recusa-se firmemente a admitir os possíveis problemas de segurança no UAC que surgiram durante os testes com o Windows 7, mesmo quando foram relatados por alguns dos seguidores mais leais da empresa.
Em fevereiro, os testes da versão beta do Windows 7 mostraram algumas falhas de segurança no User Account Control e a empresa, após muita hesitação, concordou em consertá-las. Entretanto, em junho, o respeitável blogger da Microsoft Long Zheng afirmou que o UAC no Windows 7 ainda tem uma vulnerabilidade que faz com que as configurações default da ferramenta sejam menos seguras do que no Vista.
Zheng observou que, quando uma configuração default de segurança do UAC do Windows 7 não notifica os usuários quanto a mudanças, aplicativos sem os alertas do UAC podem rodar um código ou outros aplicativos com privilégios de administrador. A Microsoft nega que essa é uma vulnerabilidade e diz que é apenas a maneira que o Windows 7 foi concebido, de acordo com os dois primeiros relatórios de vulnerabilidade do UAC.
Até agora, a gigante de software ainda não reparou a falha do UAC, apesar da crescente evidência de que é algo com que eles precisam lidar.
Em junho, o tester do Windows 7 Leo Davidson criou um código de prova de conceito que demonstra o impacto potencial da falha do UAC. E, em agosto, a versão beta do produto Security Essentials da Microsoft classificou o código de prova de conceito como um malware.
O UAC é o bebê da Microsoft, então, é compreensível que a empresa seja rápida para defendê-lo. Entretanto, quando as críticas de alguns dos discípulos mais leais da Microsoft apontam para o UAC, talvez seja o momento da companhia considerar a possibilidade de que, talvez, eles tenham razão.
7. A Microsoft diz ter aprendido com o Vista
Tem que ter muita coragem para admitir quando você está errado. A Microsoft fez isso reconhecendo que deixou a peteca cair com o Vista, não tendo parceiros de hardware e software envolvidos previamente nos testes da versão. A empresa admitiu também que se empolgou adicionando muitas configurações ao sistema e que não prestou muita atenção nos prazos.
Por que, então, os mea culpas da Microsoft são um obstáculo para o Windows 7? A companhia pode ter confessado os erros do Vista, mas quando a empresa pode aguentar esse tipo de marketing, é válido questionar se é simplesmente enviar a mensagem que acha que os clientes querem ouvir.
Não vamos esquecer que há muitos executivos dentro da Microsoft que ainda querem acreditar que os problemas do Vista tiveram mais a ver com o marketing do que com os defeitos tecnológicos. A Microsoft lutou arduamente e gastou uma grande quantidade de dinheiro para pintar o Vista como uma vítima infeliz de percepções negativas antecipadas. O Projeto Mojave, do ano passado, foi um exemplo claro do quão longe a Microsoft quer ir para provar que está certa. E alguém se lembra do Vista Capable?
A companhia colocou-se como vítima com o Vista o quanto pode, porém, assim que os planos para o Windows 7 foram revelados, a mensagem da Microsoft mudou para remorso. Mas a empresa não se vê como alguém que tenha aprendido a lição, e sim como alguém que ensina as lições.
O Windows 7 pode acabar sendo a melhor versão do Windows, mas não pense nem por um minuto que a Microsoft não está usando o fato do Vista não poder ter sido pior para convencer as pessoas a darem uma chance ao Windows 7.

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