domingo, 27 de setembro de 2009

Uso de smartphones cria dilema de etiqueta

São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009



Uso de smartphones cria dilema de etiqueta
Por ALEX WILLIAMS
À medida que smartfones com acesso à internet viram acessório padrão nos cintos e nas pastas de executivos, pessoas que participam de reuniões vêm cada vez mais cedendo à tentação de checar seus e-mails, o Facebook, Twitter ou até mesmo (fale baixinho!) seus sites prediletos de esportes.
Mas uma discussão acirrada sobre etiqueta vem ganhando espaço. Os tradicionalistas dizem que usar BlackBerrys e iPhones durante reuniões é falta de educação. Os defensores da tecnologia insistem que, num mundo em rápido movimento, ignorar mensagens de texto em tempo real é um convite ao perigo.
Em Hollywood, as agências Creative Artists e United Talent proíbem o uso de BlackBerry em reuniões. O bilionário Tom Golisano, influente na política de Nova York, revelou recentemente que pressionou pelo afastamento de Malcolm Smith como líder da maioria no Senado estadual depois de o senador ler e-mails em seu BlackBerry durante uma reunião de ambos para discutir questões orçamentárias.
O uso do telefone virou rotineiro nos mundos empresarial e político, causando irritação a muitas pessoas. Um terço de mais de 5.300 profissionais americanos entrevistados em maio pelo site Yahoo HotJobs, que faz pesquisas de carreira, disse que checa seus e-mails com frequência durante reuniões. Quase 20% admitiram que já foram criticados por isso.
Apesar das resistências, a discussão quanto à etiqueta parece pender em favor do uso do smartphone, disseram muitos executivos. Diretores administrativos o usam. O hábito é comum a pessoas de diferentes gerações e de ambos os sexos, tanto no setor público quanto no privado.
Há alguns anos, só "banqueiros ou outros profissionais desse tipo" usavam BlackBerrys em reuniões, disse o empresário Frank Kneller. "Hoje, é todo o mundo." Kneller afirmou que, se vê 6 em 10 colegas digitando em seus aparelhos, sabe que precisa acelerar suas apresentações.
É comum ver autoridades em Washington curvarem suas cabeças em silêncio em volta de uma mesa de conferência -e não por estarem rezando- enquanto outras pessoas estão falando, disse Philippe Reines, assessor-sênior da chanceler dos EUA, Hillary Clinton. Embora os smartphones sejam proibidos em alguns setores do Departamento de Estado por razões de segurança, nos lugares onde são permitidos sua utilização é epidêmica.
"Você vê metade dos participantes se comunicando por Blackberry durante uma reunião, como se estivesse numa reunião secundária, fazendo comentários constantes sobre a reunião principal", disse Reines.
Alguns profissionais admitiram que ocasionalmente transmitem comentários irônicos sobre a reunião em seus aparelhos, mas a maioria insistiu que usa seus smartfones por razões legítimas: responder a pedidos urgentes, procurar informações na internet para esclarecer uma questão que esteja em debate ou simplesmente fazer anotações.
Poucas empresas têm políticas formais relativas ao uso do smartfone em reuniões, segundo Nancy Flynn, diretora executiva da consultoria ePolicy Institute. Flynn recomenda a seus clientes incentivar seus funcionários a desligar todos os aparelhos. "As pessoas se enganam se pensam que digitar não é algo que distrai a atenção", disse ela. "E é um insulto à pessoa que está falando."
Mesmo assim, dizem executivos, negócios podem ser fechados ou perdidos, dependendo da resposta rápida que você dá a uma mensagem de e-mail. "Os clientes supõem que podem ter acesso a você a qualquer momento, em qualquer lugar", disse David Brotherton, consultor de mídia em Seattle. "Os consultores que não estiverem disponíveis 24 horas por dia tendem a ter pouco trabalho."
Na visão de Josh Rabinowitz, diretor de uma agência publicitária em Nova York, a troca de ideias por via eletrônica pode estimular a criatividade durante reuniões. "Isso parece intensificar a energia produtiva", disse.
Há também a questão da imagem. Em muitos círculos profissionais em que os contatos são indicativos de poder, exibir esses contatos em meio a uma reunião com colegas de trabalho parece ter se convertido em uma forma de exibicionismo.
Segundo o consultor Brotherton, é comum atualmente que profissionais coloquem seus smartphones sobre a mesa antes do início de uma reunião, como pistoleiros colocando seus revólveres Colt sobre a mesa de jogo nos bares nos westerns. "É uma maneira pouco sutil de indicar: 'Sou uma pessoa plugada. Tenho muitas coisas a fazer. Sou alguém importante. Se esta reunião não prender minha atenção, tenho dez outras coisas que posso fazer em vez de ficar atenta a ela'."


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