Empresas apostam na troca do mouse pelos dedos até o fim do ano
Ashlee Vance
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A Apple transformou essa tecnologia de simples novidade em recurso indispensável nos aparelhos móveis como o seu iPhone. As pessoas podem navegar por imagens com um rápido toque de um dedo, ou ampliar um documento pressionando dois dedos na tela e os estendendo.
Agora, tanto as fabricantes de PCs como as de software esperam fazer mais com esse toque em telas maiores, dando às pessoas um acesso com os dez dedos à sua tela.
"Você não opera nem a sua TV com dois dedos", diz Amichai Bem-David, diretor executivo da N-trig, que produz a tecnologia de toque na tela para as fabricantes de PCs. "Para que se torne um ato natural, você precisa mais do que dois dedos, com certeza."
O setor de computadores espera que o novo componente impulsione suas vendas. Fabricantes como a HP e a Dell, atingidas pela recessão, estão deixando o upgrade dos computadores como último item da sua lista de tarefas. E os consumidores manifestam interesse por novas máquinas, mas procuram comprar produtos baratos, como pequenos notebooks, no lugar de grandes máquinas com muitos acessórios.
HP, Dell, Intel e Microsoft esperam que, quando empresas e consumidores aumentarem seus gastos, a tecnologia do toque na tela será um dos recursos que vão encorajá-las a aprimorar o desempenho das máquinas. Computadores com telas especiais provavelmente deverão custar US$ 100 a mais do que um aparelho padrão.
A HP vende um PC com uma versão antiga da tecnologia de toque. O seu TouchSmart, de US$ 1.150 (também disponível no Brasil), é popular e usado especialmente com um computador para a família, diz a companhia. Mas, fora os filmes de ficção científica, os computadores que funcionam com toque não despertam um enorme interesse. Os Tablet PCs (computadores móveis), que vêm com canetas de plástico para fazer a sinalização na tela, continuam sendo um nicho no mercado geral de PCs, como as máquinas só com toque. Ben-David diz que cerca de dois milhões dos 300 milhões de PCs vendidos no ano passado eram computadores com a tecnologia de toque na tela.
A HP já está promovendo essa tecnologia para grandes empresas. Vende uma interface sob encomenda para desktops e laptops. Os clientes podem usar os aparelhos como um quiosque adaptado sob medida para eles, para encomendar mercadorias num evento esportivo ou mesmo examinar o cardápio enquanto aguarda num restaurante.
O setor de PCs pretende tornar as funções de toque mais sofisticadas e de uso generalizado. Os objetos na tela podem ser torcidos ou invertidos com vários dedos, imitando a ação no mundo real.
A próxima versão do Windows 7, da Microsoft, deve dar início a uma nova era da tecnologia de toque, quando aparecer nos PCs a serem lançados no final de ano, segundo Ben-David. Apoiada pela Microsoft, a N-trig, baseada em Israel, utilizou uma combinação de software e sensores para criar um tipo especial de tela de computador que pode interagir com canetas e dedos. A tecnologia da N-trig funciona por meio de um sinal elétrico na tela. Quando a tela é tocada com o dedo, a eletricidade é descarregada. O software interpreta como um sinal para mover os gráficos na tela. A companhia diz que a sua tecnologia funciona melhor em telas maiores de laptops e PCs, uma vez que são manuseados muitos dados de uma só vez.
Trabalhando juntas, Microsoft e N-trig criaram um tipo de interface de software que permite que outras empresas adicionem as funções de toque aos seus programas. Esse software pode aceitar vários dedos tocando a tela simultaneamente, em vez de depender de um ou dois dígitos, como ocorre em muitos casos hoje.
A N-trig espera adquirir mais impulso no fim do ano, quando três outras fabricantes de PCs devem se unir à HP e à Dell para apoiar essa tecnologia do toque. Mas os nomes das companhias não foram divulgados.
O grande problema é se as empresas conseguirão criar um software que torne essa tecnologia algo útil e não uma mera curiosidade.
Corel, que produz software para edição de fotos e documentos, também planeja aderir a produtos baseados na tecnologia da N-trig para o Windows 7.
A SpaceClaim, que fabrica software para design de objetos em 3D, também pretende direcionar seus produtos para essa tecnologia. O seu software, que funciona com o Windows 7, cria modelos em três dimensões que podem ser transformados, comprimidos e alterados por meio de toques com as duas mãos. Frank DeSimone, chefe de desenvolvimento da empresa, insiste que outras fabricantes de software precisam tentar alguma coisa nova e aderir à tecnologia, no lugar de continuar repetindo as funções do mouse.
"Muita gente diz que pretende apoiar essa nova tecnologia, mas acaba prestando um desserviço para todos, por não fazer alguma coisa interessante", disse ele.
fonte: Estadao 07/07/2009
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