Linda A. Cicero/Stanford News Service |
BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BERKELEY
A equipe do Laboratório de Computação Gráfica da Universidade de Stanford acaba de apresentar o protótipo de uma câmera digital que opera com software de código aberto. Dessa forma, ela não está limitada a um único programa pré-instalado por um fabricante. Qualquer desenvolvedor pode criar programas para melhorar a performance ou atribuir novas funções à câmera.
A câmera ganhou o apelido de Frankencamera, pois ela foi construída a partir de partes de um celular Nokia N95, lentes de uma Canon EOS e uma placa-mãe da Texas Instruments.
Por ser um "monstro", com muitas partes de origens diferentes, ela não conquista pelo design. O importante está no seu interior. A câmera roda Linux, sistema operacional famoso por ter código aberto. Os detalhes de como o sistema funciona serão explanados em um artigo cientifico que a equipe pretende publicar em breve
"Parece que nós tocamos em uma frustração profunda compartilhada por muitos fotógrafos, que sabem que suas câmeras seriam capazes de fazer "X" se eles tivessem um jeito de falar para elas fazerem", disse à Folha Andrew Adams, um dos membros da equipe que trabalha no projeto.
Com o código aberto, um novo universo se abre para fotógrafos e desenvolvedores. Ao contrário do que ocorre com as câmeras vendidas atualmente, podem surgir funções não pensadas pelo fabricante. O fotógrafo terá a chance de testar sua criatividade de outras formas. Enquanto isso, uma oportunidade de negócio surge para os desenvolvedores. Um modelo de loja virtual de aplicativos, como ocorre com o iPhone, pode fazer parte do jogo.
Outras iniciativas
Antes da Frankencamera, outras iniciativas já davam sinais da chegada do código aberto ao mundo da foto digital.
Um software de código aberto chamado Canon Hack Development Kit (CHDK) pode ser instalado em alguns modelos da câmera PowerShot, da Canon. O CHDK não apaga o software original da câmera, mas acrescenta novas funções ao equipamento, como acesso aos dados brutos captados por uma foto, livres de compressões e processamentos. Consulte dicas sobre o programa, manuais e fóruns de ajuda em chdk.wikia.com/wiki/CHDK.
Já a primeira geração de iPhones, com sua câmera de 2 Mpixels e poucos recursos, levou para um público ainda maior o sabor de turbinar a própria câmera com aplicativos independentes.
Atentas ao surgimento dessa tendência, grandes empresas acompanham o desenvolvimento da Frankencamera. Nokia, Kodak, Adobe e HP investiram de alguma forma no projeto. Adams, porém, ainda se mostra cauteloso quanto à adoção do modelo proposto pela Frankencamera. Ele diz: "Fabricantes de câmeras caras são muito conservadores. A Frankencamera não tem a intenção de ser um produto. Ela é uma demonstração do que seria possível se os fabricantes abrissem suas câmeras um pouco".
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