sábado, 31 de janeiro de 2009

Carregador sem fio chega perto da perfeição


POR DAVID POGUE

WildCharge carrega várias baterias ao mesmo tempo, mas de poucos modelos de aparelhos Você iria querer viajar de avião se, antes de embarcar, tivesse que participar de uma corrente enviando 117 cartas? Daria valor ao teletransporte se a cada passeio devesse preencher um formulário de 72 páginas? Teria interesse em controlar o universo se, para mantê-lo em movimento, precisasse pedalar 14 horas por dia numa bicicleta ergométrica?
Em outras palavras, quantos inconvenientes você tolera em troca de uma pequena mágica? Graças a um novo produto, chamado WildCharge Pad, essa questão não é mais hipotética.
O conceito é irresistível: por US$ 60, você adquire um pequeno suporte, do tamanho de um “mouse pad” comum (20 x 15 cm), recoberto por 12 tiras cromadas. Todo dia, quando chega em casa, você coloca o seu celular, seu iPod ou seu BlackBerry diretamente sobre o suporte. Os aparelhos se conectam num sutil clique magnético e, para seu espanto, começam a se recarregar automaticamente.
Em outras palavras, um único suporte brilhante substitui aquela abominável massa de fontes pretas, feias e pesadas que acompanham todo utensílio móvel atual. E, como dá para carregar até cinco aparelhos de uma vez, o suporte libera quatro tomadas na sua parede.
Na primeira vez em que você joga o seu BlackBerry ou Razr sobre o WildCharge e vê a mensagem de “bateria carregando”, não há como não sorrir. Tudo deveria funcionar assim, você pensa.
A WildCharge não é a única empresa perseguindo o sonho de superfícies sem fio que sirvam de carregador sobre mesas e balcões. É, porém, a primeira a levar um produto desses para o mercado. A diferença, segundo ela, está na tecnologia empregada. Seus concorrentes tentam incorporar a chamada energia indutiva sem fio, na qual a transferência de eletricidade se dá por meio de rápidas alterações de campos magnéticos. É assim que escovas de dente elétricas sem fio se recarregam.
A vantagem é que você não precisa de contatos metálicos visíveis para conduzir a energia; as desvantagens são a baixa eficiência, a suscetibilidade a interferências —e, evidentemente, a dificuldade de colocar um produto no mercado.
O WildCharge usa a condutividade elétrica, o que significa que pequenos terminais metálicos em um celular, um iPod ou qualquer outra coisa entram em contato direto com as listras metálicas do suporte.
Não há radiação. Nem há campos magnéticos, de modo que não há risco para cartões de crédito, discos rígidos e fitas de vídeo. E não há choques, pois se o corpo, um líquido ou algum objeto metálico tocar as listras metálicas do suporte, a energia é automaticamente cortada.
Então qual é o inconveniente?
O problema é que a eletricidade precisa encontrar algum acesso ao aparelho. Qualquer equipamento compatível com o WildCharge tem quatro pequenas protuberâncias em seu painel traseiro. São contatos de metal, do tamanho de cabeças de alfinete, estrategicamente colocadas para sempre obterem a energia necessária, mesmo que o dono atire o aparelho com total negligência sobre o suporte. Infelizmente, nenhum aparelho sai assim de fábrica.
Portanto, é preciso adaptar cada utensílio que você tiver —ao preço de US$ 35 por unidade. Para o BlackBerry Curve e o BlackBerry Pearl, há uma “pele” de silicone emborrachado que desliza sobre o telefone. Não só contém os contatos elétricos necessários na parte de trás como também funciona como uma conveniente proteção contra quedas.
Para o celular Motorola Razr, a adaptação é muito mais fácil: basta trocar o painel traseiro (a tampa da bateria). Isso não cria um volume adicional no bolso, embora haja 5 centímetros de borracha serpenteando a partir da entrada de energia do celular. É preciso tirá-lo para conectar qualquer outra coisa ali.
E, por enquanto, é só. Há apenas três aparelhos compatíveis com o WildCharge: o BlackBerry Pearl, o BlackBerry Curve e o Motorola Razr.
A empresa diz que vai oferecer adaptadores para iPod e iPhone ainda neste ano. Fotos e descrições indicam que eles também vão assumir a forma de “peles” de silicone, cuja parte inferior se encaixe na entrada que fica embaixo do iPod ou iPhone. A WildCharge também está desenvolvendo um adaptador universal para celulares.
Lembre-se, também, de que o suporte demora mais para carregar o aparelho do que o cabo original. A empresa não diz exatamente quanto tempo a mais, citando apenas que o processo é equivalente a “roubar” energia do computador por meio do cabo USB.
Então ficamos combinados: o WildCharge é uma tecnologia mágica. Mas, se você tiver desejos adicionais, pode desejar que tal tecnologia não exija tanta modificação nos seus equipamentos eletrônicos. Ou desejar compatibilidade com mais aparelhos —como com laptops, algo que a fábrica diz estar desenvolvendo.
Talvez o WildCharge se popularize. Hoje, porém, é exclusivo para proprietários de um BlackBerry ou Razr. Traz conveniência insuperável na hora de recarregar baterias —mas tem seu preço

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