sexta-feira, 22 de abril de 2016

Bitcoin - como funciona a tecnologia por trás




Blockchain: como funciona a tecnologia por trás do Bitcoin

Jonathan Hassell, CIO/EUA
22 de abril de 2016 - 12h30
A tecnologia dá apoio a moeda virtual até hoje, mas recentemente começa a surgir um maior interesse de uma variedade de indústrias por ela
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No âmbito da moeda virtual Bitcoin, um blockchain é a estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação. Cada transação é digitalmente assinada com o objetivo de garantir sua autenticidade e garantir que ninguém a adultere, de forma que o próprio registro e as transações existentes dentro dele sejam considerados de alta integridade.
A verdadeira mágica vem, contudo, através do fato dessas entradas digitais de registro serem distribuídas entre uma implantação ou infraestrutura. Esses nós e camadas adicionais na infraestrutura servem ao propósito de fornecer um consenso sobre o estado de uma transação a qualquer momento, pois todos esses nós e camadas têm cópias dos registros autenticados distribuídos entre eles.
Quando uma nova transação ou uma correção de transação existente é recebida, geralmente grande parte dos nós dentro de uma implementação de blockchain deve executar alguns algoritmos e, essencialmente, avaliar e verificar o histórico do bloco do blockchain individual que é proposto e, assim, chegar ao consenso de que o histórico e a assinatura são válidos, para depois permitir que a nova transação seja aceita no registro e um novo bloco seja adicionado à cadeia de transações. Caso a maior parte dos nós não reconheça a adição ou modificação da entrada de registro, tal entrada é negada e não é adicionada à cadeia. Esse modelo de consenso distribuído é o que permite que o blockchain funcione como um registro distribuído sem a necessidade de que uma autoridade central diga quais transações são válidas e (talvez mais importante) quais não são.
De fato, o blockchain pode ser configurado para trabalhar de várias formas, utilizando mecanismos diferentes com o objetivo de alcançar um consenso sobre transações e, em particular, definir participantes conhecidos na cadeia e excluir todos os outros. O maior exemplo da utilização de blockchain, esse na área do Bitcoin, emprega um registro público anônimo no qual todos podem participar. Para utilizações mais privadas do blockchain entre um número menor de atuantes, muitas organizações estão empregando blockchains para controlar quem participa da transação.
A falta de exigência de uma autoridade central o torna um registro ideal e uma solução de determinação ideal para relacionamentos de afiliados que são geralmente feitos em uma condição de 50/50 ou igualitária sem a provisão de um árbitro ou gerente. Realmente, fazer com que computadores verifiquem transações e as definam elimina a necessidade de câmaras de compensação e outros agentes de compensação, fornecendo a exclusão do intermédio na organização de negócios e geralmente reduzindo custos, melhorando a velocidade com a qual transações podem ser feitas, verificadas, definidas e registradas.
As assinaturas e verificações digitais dificultam visualizar um cenário onde um atuante mal intencionado possa causar uma fraude e introduz problemas que são caros de remover e sanar. A integridade criptográfica de toda a transação pendente, como também o exame de múltiplos nós da arquitetura do blockchain, protege contra ameaças e utilização mal intencionadas da tecnologia. (Dito isso, é importante notar que essa proteção de segurança nunca foi amplamente testada no mercado. Embora forte em uma base teórica, restam dúvidas sobre o quão bem as proteções funcionarão na realidade da economia digital que vivemos hoje).
Em resumo, o conceito de blockchain funciona muito bem para o acompanhamento de como os recursos se movem através de uma cadeia de suprimento, através de certos fornecedores e fábricas até às linhas de transmissão e transporte para chegarem até suas localizações finais.
Obstáculos para o blockchain
O maior problema com a tecnologia blockchain, atualmente, é que ela é complexa de aplicar, principalmente porque, como é típico em projetos de código aberto, existem vários projetos, cada um com suas próprias equipes e ideais. Casar toda a funcionalidade em uma aplicação prática é difícil.
“A única coisa que me faz parar e pensar sobre o Blockchain é a comunidade que desenvolve o código”, conta Matt Reynolds, especialista de desenvolvimento de aplicativos com blockchain. “O Bitcoin é de código aberto, mas a equipe que o administra não se comporta da forma que você idealmente gostaria que mantenedores FOSS trabalhassem. Eles se comportam mais como uma equipe de software que ‘não responde a ninguém’, e isso não é bom para os que utilizam a implementação Blockchain do Bitcoin em seus projetos próprios”.
O que é o Hyperledger? 
O Hyperledger é um projeto que tenta unificar todas as abordagens de código aberto do blockchain que existem atualmente. A meta? De acordo com a página oficial do Hyperledger, “o projeto está desenvolvendo um framework de blockchain de propósito geral que possa ser utilizado em vários setores da indústria, dos serviços financeiros, varejo, fabricação e mais”.
O que é significativo sobre esse projeto, em comparação com os inúmeros e diversos projetos de código aberto que estão espalhados pela internet, é a participação da indústria e de grandes nomes por detrás dele. De acordo com o projeto, os membros fundadores da iniciativa incluem ABN AMRO, Accenture, ANZ Bank, Blockchain, BNY Mellon,  Calastone, Cisco, CLS, CME Group, ConsenSys, Credits, The Depository Trust &  Clearing Corporation (DTCC), Deutsche Börse Group, Digital Asset Holdings,  Fujitsu Limited, Guardtime, Hitachi, IBM, Intel, IntellectEU, J.P. Morgan, NEC,  NTT DATA, R3, Red Hat, State Street, SWIFT, Symbiont, VMware e Wells Fargo.
As metas atuais do Hyperledger são as de combinar projetos em aplicações práticas de blockchain: o Rippled, um registrador distribuído publicamente escrito em C++ que lida com pagamentos entre diferentes  moedas utilizando livros de ordem da Open Blockchain, da IBM, uma estrutura de baixo nível que implementa contratos inteligentes, recursos digitais, repositórios de registro, redes orientadas a consenso e a segurança criptográfica do Hyperledger, da Digital Asset, que é um servidor de blockchain pronto para implantação com uma API de cliente atualmente disponível para uso por parte de empresas de serviços financeiros. Ele funciona ao utilizar um registro de transação apenas de adição que é projetado para ser replicado entre múltiplas organizações separadas, todas sem um nexo de controle. (A empresa matriz, a Digital Asset Holdings, emprestou o nome registrado Hyperledger para o projeto de código aberto como parte de sua contribuição).
A gigante industrial da tecnologia IBM está contribuindo com centenas de milhares de linhas de código para o projeto Hyperledger enquanto deixa claro que acredita que a tecnologia aberta é a melhor forma de criar uma implementação verdadeiramente aplicável do blockchain para o mercado empresarial e de negócios atual. De fato, a IBM vê a tecnologia de blockchain e de registro como uma forma de deixar a internet mais ciente do comércio.
“Como uma iniciativa aberta e vasta, que inclui muitos especialistas diferentes da área do blockchain, o projeto Hyperledger avançará os padrões de blockchain abertos para utilização em muitas indústrias”, conta Jerry Cuomo, vice-presidente de blockchain da IBM. “Ao focar em uma plataforma aberta, não existe limite para os tipos de aplicações e frameworks que um dia serão criados com base nela”.
Claro que existem limites práticos para isso. “O problema com aplicações práticas do Blockchain é que é bem complexo de encontrar projetos que sejam genuinamente adequados”, conta Reynolds. “Existe muito do pensamento ‘Tenho um martelo, então isso precisa ser um prego’ com relação ao Blockchain. Ele é mais adequado para cenários onde os próprios dados são públicos, mas que você não quer precisar fornecer confiança explícita para entidades a fim de que atualizem os dados. Aplicações públicas ou regulatórias tendem a se adequar bem a isso”.
Dito isso, claramente existe um local para criação de um alicerce para comércio online distribuído baseado em registros na internet. Em uma nota na The Block Chain Conference, realizada em São Francisco, em fevereiro, o diretor Global de Ofertas de Blockchain da IBM, John Wolpert, disse que "precisamos evoluir a internet para deixá-la economicamente ciente, e essa internet não vai ser uma aplicação, ela será a estrutura”. Ele vê o Hyperledger como o projeto que está explorando a melhor versão dessas tecnologias,  para construir essa estrutura.

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