terça-feira, 31 de outubro de 2017

Inteligência artificial: Separando a realidade do exagero ("virou moda chamar tudo de IA")



Se você está preocupado com as máquinas dominando o mundo, pode dormir sossegado. Isso não vai acontecer com a tecnologia que temos em uso atualmente
Nós vivemos tempos emocionantes. Nosso relacionamento com máquinas, objetos e coisas está mudando rapidamente.
Desde que a humanidade vivia em cavernas, nós temos transformado nossas vontades em ferramentas com nossas mãos e nossas vozes. Nossos mouses e teclados fazem exatamente o que os mandamos fazer e dispositivos como o Amazon Echo podem nos ajudar a realizar tarefas simples, como ligar as luzes, ou tarefas mais complexas, como responder perguntas com inteligência analítica.
Mas com a chegada da inteligência artificial (IA), a maré pode virar. Máquinas podem se transformar: de objetos passivos a participantes ativos que se misturam à nossa vida? As máquinas vão nos guiar ou nós vamos guia-las? Os aparelhos vão nos informar o que eles fizeram em nosso benefício ou vamos continuar dizendo a eles o que fazer? Podemos nos tornar meros peões em uma vida orquestrada por inteligência autônoma, conforme tudo se torna mais e mais inteligente? O quão perto estamos dessa realidade?
O estado da Inteligência Artificial hoje
Se você está preocupado com as máquinas dominando o mundo, pode dormir sossegado. Isso não vai acontecer com a tecnologia que temos em uso atualmente.
A nova moda é rotular como IA qualquer coisa que faça algo remotamente esperto ou inesperado, mas que, na realidade, não é IA. Minha calculadora é melhor em aritmética do que eu jamais serei – mas não é IA. Uma árvore de decisão não é IA. Uma cláusula extra em uma consulta SQL não é IA.
Mas há uma tendência em direção a IA movendo-se para a incorporação de mais e mais inteligência em máquinas, aparelhos, dispositivos, automóveis e software.
Nós temos visto avanços incríveis na produção de algoritmos que realizam com enorme precisão tarefas que humanos poderiam realizar. Até recentemente nós pensávamos que o jogo Go não poderia ser computadorizado e agora uma máquina ganha e supera nossos desempenhos. Ou na área de assistência médica, onde algoritmos podem detectar tipos de câncer em radiografias tão bem quanto radiologistas – algo excepcional.
Esses algoritmos tem habilidades super humanas porque eles fazem seus trabalhos de maneira confiável, com precisão, repetidamente e sem descanso. Ainda assim, nós estamos longe de criar máquinas que possam pensar como um ser humano.
Sistemas atuais de IA são treinados para desempenhar uma tarefa humana de maneira inteligente e computadorizada, mas são treinados para realizar uma tarefa – e apenas uma. O sistema que pode jogar Go não pode jogar paciência ou pôquer e não vai adquirir habilidades para fazê-lo. O software que dirige um veículo autônomo não pode operar as luzes da sua casa.
Isso não significa que essa forma de IA não é poderosa. Ela tem o potencial de transformar muitas indústrias – talvez todas as indústrias. Mas nós não devemos colocar a carroça na frente dos bois em termos do que pode ser alcançado. Sistemas que aprendem de maneira supervisionada, de cima para baixo e baseado em dados de treinamento não podem ser expandidos para além do conteúdo dos dados; eles não podem criar inovação ou racionalidade.  O Salto de Confiança
Mesmo que os algoritmos se tornem inteligentes, nós não temos que deixá-los controlar nossas vidas. Eles podem continuar sendo apenas um sistema de apoio para decisões. O salto de confiança derradeiro é deixar que algoritmos tomem decisões no seu lugar.
Mas imagine se algoritmos fossem autônomos. Eu acredito que se nós aceitarmos autonomia; então estaremos livres para aceitar a verdadeira IA. Se um algoritmo pode tomar decisões confiáveis e imparciais que podem acabar sendo as melhores opções a longo prazo, você se sentiria confortável em entregar as rédeas e deixá-lo tomar suas decisões sem a sua opinião?
Quão bem nós esperamos que máquinas desempenhem quando as deixamos livres? Quão rápido nós esperamos que elas aprendam o trabalho? E quando, ao longo do caminho, máquinas podem desenvolver moral?
Se essas questões te deixam desconfortável, você não está sozinho. Eu prefiro ser morto pela minha própria estupidez do que as morais codificadas de um engenheiro de software ou as morais assimiladas de um algoritmo em evolução.
A ilusão da inteligência é tudo com o que podemos lidar e é tudo com o que precisamos lidar por ora.
Nós queremos ser enganados pelas máquinas, de maneira astuta. O resto é exagero.
Preparando-se para o futuro
O tipo de IA de hoje é inteligente? Eu argumento que não.
Inteligência necessita de alguma forma de criatividade, inovação, intuição, sensibilidade e poder de resolução independente. Os sistemas que estamos construindo baseados em deep learning não podem ter essas características. Eu não quero colocar um prazo para quando a IA será inteligente. Nós achamos que estávamos perto algumas décadas atrás e que as máquinas estariam agindo e pensando como humanos a essa altura, mas elas não estão. A tecnologia que temos hoje ainda não pode resolver esse problema.
Tem que haver uma tecnologia de quebra de paradigma para nos levar a verdadeira IA. Eu não acho que encontramos a solução ainda – mas estamos procurando por ela.
Quer saber mais? Baixe o report da Harvard Business Review: A próxima era da Inteligência Analítica: Inteligência Artificial.
*OLIVER SCHABENBERGER
Executive Vice President & Chief Technology Officer do SAS

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