quarta-feira, 1 de julho de 2015

O mundo na Era do Zettabyte


O mundo na Era do Zettabyte


18 de maio de 2012 | 15h44
Ethevaldo Siqueira
O mundo está diante de um verdadeiro tsunâmi de informações. O volume global de dados produzidos ou replicados em 2011, por exemplo, chegou a 1,8 zettabyte, segundo o IDC (International Data Corporation).
Mas que é um zettabyte? A pergunta tem sentido. Para respondê-la, nada melhor do que recorrer a algumas comparações. Meu computador tem um disco rígido (HD) com capacidade para armazenar um terabyte, ou mil gigabytes. Pois bem: um sistema com a capacidade de um zettabyte (ZB) poderia armazenar o conteúdo de 1 bilhão de HDs iguais ao de meu desktop. Ou preencher a capacidade de armazenamento de 75 bilhões de iPads de 16 GB.

Em números decimais, um zettabyte equivale, a grosso modo, a 1 sextilhão de bytes, que, em notação científica, poderia ser escrito assim: 1021 bytes – ou seja, 10 elevado à 21ª potência. Em notação binária, seria270 – quer dizer, 2 elevado à 70ª potência.
Uma questão essencial de nosso tempo é, portanto, o crescimento exponencial do volume de informações produzido no planeta. Nos últimos cinco anos, esse volume foi multiplicado por nove. E, segundo o mesmo IDC, em 2020, deverá chegar a 35,2 zettabytes, um terço dos quais estará na nuvem ou passará por ela.
Novos desafios
Para alguns especialistas, o mundo vive a Era do Zettabyte, que traz novos e crescentes desafios, tanto em projetos especializados, como em áreas de instalação e gerenciamento de infraestrutura de armazenamento em ambientes virtuais, do crescimento exponencial de armazenamento, da segurança e redundância de dados (backup) e da recuperação de informações (recovery), entre outras.
Nessa nova era, a explosão de dados, de todas as origens, ganha o nome de Big Data. As novas opções de armazenamento, por sua vez, deram origem à computação em nuvem. É nessas duas áreas que se situa um dos maiores desafios para o Brasil e para o mundo: a carência de profissionais. O Instituto McKinsey Global, por exemplo, prevê que, em 2018, faltarão entre 140 mil e 190 mil profissionais nos Estados Unidos.
Programa acadêmico
Para minimizar esse problema, diversas corporações têm colaborado com programas acadêmicos, de que é exemplo o EMC Academic Alliance, que já alcança 81 universidades, no Brasil e no mundo e foi criado pela EMC, uma das maiores empresas de armazenamento de dados do mundo.
Eduardo Lima, gerente do programa no País, explica que “esse crescimento contínuo e acelerado na produção de dados gera uma demanda por profissionais capacitados em armazenamento e computação em nuvem, que hoje são raros no mercado”. Essa demanda por profissionais dessa área, na realidade, sempre existiu. Mas nunca foi razoavelmente atendida.
Como ressalta Sandro Melo – coordenador do curso de redes de computadores da BandTec, a faculdade de tecnologia da informação (TI) do Colégio Bandeirantes – “a adoção da disciplina Armazenamento e Gerenciamento de Informações na grade curricular tem como objetivo capacitar os alunos para essa enorme demanda de mercado; assim, o estudante, ao se formar, sairá da faculdade com um diferencial profissional”.
No Brasil, o programa EMC Academic Alliance é oferecido gratuitamente às universidades cujos cursos de TI sejam reconhecidos pelo Ministério da Educação e ofereçam a primeira graduação (bacharel e/ou tecnólogo). Além da disciplina Armazenamento e Gerenciamento de Informações, o programa oferece três cursos gratuitos para alunos e professores: Cloud Computing, Backup e Data Science.
O novo engenheiro
Desde a metade da década passada, o professor Joseph Bordogna, então diretor da National Science Foundation dos Estados Unidos, já vinha sugerindo que o engenheiro do século 21, precisaria familiarizar-se com os conceitos de te­ra­es­ca­la, na­no­es­ca­la, com­ple­xi­da­de, cog­ni­ção e ho­lis­mo. E, além de conceituar essas matérias, ele dava exemplos de como elas poderiam ser úteis ao engenheiro deste século.
Te­ra­es­ca­la su­ge­re a idéia de or­dens de gran­de­za gi­gan­tes­cas. Na com­pu­ta­ção do pas­sa­do, as ar­qui­te­tu­ras de sis­te­mas li­da­vam com cen­te­nas de pro­ces­sa­do­res. No mundo virtual de hoje, trabalham com milhões.
Na­no­es­ca­la tra­duz a idéia exa­ta­men­te opos­ta à de te­ra­es­ca­la, ou seja, or­dens de gran­de­za muito pequenas, como na­nos­se­gun­do, na­nô­me­tro, na­no­tec­no­lo­gia. Aliás, num fu­tu­ro pró­xi­mo, a evolução da na­no­tec­no­lo­gia nos per­mi­ti­rá ma­ni­pu­lar a ma­té­ria, áto­mo por áto­mo, mo­lé­cu­la por mo­lé­cu­la.
Com­ple­xi­da­de, no sen­ti­do tec­no­ló­gi­co, re­fe­re-se à ex­tre­ma di­ver­si­da­de de ele­men­tos. Para li­dar com si­tu­a­ções de ele­va­da com­ple­xi­da­de, os ci­en­tis­tas cri­a­ram até uma es­pe­cia­li­da­de cha­ma­da en­ge­nha­ria do caos, cu­jos re­cur­sos lhes per­mi­tem con­tro­lar si­tu­a­ções pró­xi­mas da desordem total.
Cog­ni­ção, como diz o di­ci­o­ná­rio, é a aqui­si­ção do co­nhe­ci­men­to ou, mais pre­ci­sa­men­te, o pro­ces­so men­tal pelo qual ad­qui­ri­mos co­nhe­ci­men­to. Para o prof. Bordogna, a atu­al re­vo­lu­ção da in­for­ma­ção tende a tornar-se insignificante diante da emer­gen­te re­vo­lu­ção do co­nhe­ci­men­to.
Ho­lis­mo, na acep­ção usa­da por Bor­dog­na, é “o con­cei­to que nos diz que uma en­ti­da­de pode ser mai­or do que a sim­ples soma de suas par­tes”. Ou que nos permite jun­tar coi­sas apa­ren­te­men­te dís­pa­res num con­jun­to mui­to mais co­e­ren­te, inclusive em sis­te­mas so­ci­ais, fí­si­cos ou de en­ge­nha­ria vir­tu­al.

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